População regional já foi enganada nas últimas três eleições sobre a vinda do Metrô, enquanto é massacrada por empresas de ônibus inescrupulosas. Linha 5-Lilás (Capão Redondo) tem corrupção, diz justiça
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) acaba de desmentir a si próprio, ao anunciar as próximas etapas da construção do metrô na Linha 4 – Amarela, prevendo a construção de mais quatro estações: São Paulo-Morumbi, Fradique Coutinho, Oscar Freire e Higienópolis-Mackenzie, com entrega prevista até 2014. O governador mentiu em plena Igreja de Santa Terezinha, na cidade de Taboão da Serra, no ano passado, ao informar diante do padre e de centenas de pessoas, que o Metrô iria ser trazido até a cidade, “até 2014”. Com esta nova etapa da obra, o governo do Estado gastará R$ 1,8 bilhão, sem incluir Taboão da Serra no roteiro.
O Fato Expresso na época informou que Alckmin estava mentindo, apenas ‘falando para a platéia’, já que seu próprio governo não dava qualquer sinal de que realizaria a obra. Não havia nenhum projeto técnico, nenhum edital ou sequer preparação de documentação sobre a futura obra, o que ainda é aguardado por milhares de pessoas (quase 1 milhão) que vivem na Região Sudoeste (entre Taboão, Embu das Artes, Itapecerica, Embu-Guaçu, Juquitiba e São Lourenço) que dependem exclusivamente de um sistema de ônibus caros, sujos, ineficientes e que desrespeitam os usuários, que viajam dependurados nos eixos rodoviários destas cidades.
O governador disse que mandou ‘agilizar a contratação do projeto’ do metrô até Taboão. Isso para dar satisfação a seus candidatos a prefeitos da região, que vão despejar novamente, a exemplo de cert@s deputad@s o bordão: “Metrô pra Taboão”, como já fazem há mais de 10 anos, sem a menor cerimônia. A verdade é que, sem pressão popular e política, o Metrô não se estenderá pela BR-116 nos próximos 5 ou 10 anos. O metrô, que foi inaugurado há 40 anos (1972) jamais ultrapassou os limites da cidade de São Paulo, apesar de ser uma obra tocada e paga com recursos do Estado inteiro. Ou seja, taboanenses, embuenses das artes, itapecericanos, etc, pagam o metrô com seus suados impostos, para os paulistanos o utilizarem.
‘Economist’: linha 4 insuficiente
A revista “The Economist”, em artigo publicado nesta semana, afirma que apesar da expansão do metrô paulista na Linha 4, isto é insuficiente para atender à demanda de uma das maiores cidades do mundo. A revista, demonstrando conhecer o projeto da linha 4, disse que foi positiva a ligação das avenidas Faria Lima e Paulista, e que a linha já responde pelo transporte de mais de meio milhão de passageiros por dia.
Para a ‘Economist’ os “71 km da rede de metrô de São Paulo são minúsculos para uma cidade de 19 milhões de habitantes. Isso dificilmente seria digno de nota em outras cidades internacionais.”, diz a publicação, informando que o Metrô em outras cidades do mundo são muito mais extensos, citando a Cidade do México (mais de 200 km de metrô), Seul, na Coréia do Sul (quase 400 km), e até Santiago do Chile (com mais de 100 km).
Corrupção na Linha 5-Lilás
A justiça acaba de indiciar 14 pessoas por indícios de fraude na licitação da Linha 5-Lilás, do Metrô. O juiz Marcos Fleury Silveira de Alvarenga, da 12ª vara criminal central de SP aceitou na terça-feira, 27, denúncia do Ministério Público contra os investigados, acusados de formação de cartel na obra, o que pode ter causado um prejuízo de bilhões de Reais ao Estado. Curiosamente, a imprensa paulista não relaciona diretamente os governadores Geraldo Alckmin (atual) e José Serra (anterior) aos fatos que ocorreram sob suas administrações.
Os seis lotes da obra geraram um custo para o Estado, da ordem de R$ 4 bilhões. Na denúncia, o Metrô teria participado da fraude, onde várias empresas concorrentes apresentaram preços de tal forma que todas fossem beneficiadas. O jornal Folha de S. Paulo chegou a publicar o resultado da licitação com antecedência (antes da abertura oficial do envelopes que deveriam ser entregues lacrados). Na época, o promotor do Ministério Público Marcelo Batlouni Mendroni, abriu uma investigação, que agora foi aceita como denúncia de crime pelo Poder Judiciário.
Os denunciados
O rol de denunciados é o seguinte: Anuaar Benedito Caram, Flavio Augusto Ometto Frias, Jorge Arnaldo Curi Yazbec Júnior e Eduardo Maghidman, do consórcio das empreiteiras Andrade Gutierrez/Camargo Corrêa; Severino Junqueira Reis de Andrade, da construtora Mendes Junior; Adelmo Ernesto Di Gregório, Dante Prati Favero, Mario Pereira e Ricardo Bellon Júnior, do consórcio de empresas Heleno & Fonseca/Tiisa; Roberto Scofield Lauar e Domingos Malzoni, do consórcio das empreiteiras Carioca/Cetenco; Carlos Armando Guedes Pascoal, do consórcio das gigantes Odebrecht/OAS/Queiroz Galvão; e Adhemar Rodrigues Alves e Marcelo Scott Franco de Camargo, da CR Almeida/Cosben. A CR era de propriedade do controvertido Cecílio Rego de Almeida, já falecido, conhecido por grilar terras na Amazônia.
Em 2011 o Poder Judiciário chegou a determinar o afastamento do presidente do Metrô, Sérgio Avelleda, por suspeitas de sua participação no crime. O governo do Estado não só não afastou o presidente, como o defendeu, derrubando o afastamento por meio de uma liminar. Futuramente, se ficar comprovada sua participação na fraude, Avelleda poderá ser novamente responsabilizado.
A linha 5-Lilás do Metrô liga o Capão Redondo ao Largo 13, e poderá ser estendida até a Chácara Klabin (linha 2-Verde), havendo também uma ligação com a linha 1-Azul, na estação Santa Cruz. Os moradores do eixo Itapecerica, Embu-Guaçu e das periferias de Embu das Artes e Taboão são usuários da linha 5, cujas obras agora estão sob suspeita.
(Fato Expresso, com informações de Agências de Notícias)
VEJA O QUE JÁ PUBLICAMOS SOBRE A MENTIRA DO METRÔ EM TABOÃO:
http://www.fatoexpresso.com.br/2011/10/06/metro-nao-vem-para-taboao-da-serra-nesta-decada/
VEJA AINDA:
http://www.fatoexpresso.com.br/2012/03/12/metro-e-trens-da-cptm-menos-investimentos-e-mais-falhas/