Ator e diretor de cinema, que completaria 100 anos, rodou as primeiras cenas de ‘Chofer de Praça’ no Largo dos Jesuítas, em frente ao atual Museu Sacro
O comediante e cineasta Amácio Mazzaropi, se fosse vivo, completaria 100 anos em abril. Nascido em 9 de abril de 1912, em São Paulo, morreu em Taubaté, em 13 de junho de 1981, onde existe um museu em sua homenagem. O filme Chofer de Praça, de 1958, estrelado por Mazzaropi, tem as cenas iniciais gravadas na cidade de Embu das Artes, quando Zacarias e Augusta, pais caipiras de Raul, para ajudar o término dos estudos de medicina do filho, resolvem mudar para a cidade grande.
As cenas (assista no final desta matéria) dão uma ideia de como era o centro histórico de Embu das Artes há mais de meio século, um ano antes da Emancipação que levaria à criação do município, que hoje é um dos maiores centros turísticos e artísticos do país.
Mazzaropi iniciou sua carreira no cinema nos anos 1950, na comédia Sai da Frente, produzida pelos estúdios da Vera Cruz, em São Paulo, e dirigida pelo cineasta e dramaturgo Abílio Pereira de Almeida. A filmografia do artista foi muito extensa e ele chegou a criar uma empresa cinematográfica própria para tocar seus projetos.
Mazzaropi ganhou a simpatia do público em comédias que remetiam ao circo-teatro e à música caipira, e em filmes que tratavam de problemas cotidianos de sua plateia, como a vida do caipira na cidade grande e as mudanças de comportamento da sociedade.
BIOGRAFIA
Filho de Bernardo Mazzaroppi, imigrante italiano e Clara Ferreira, portuguesa, Mazzaropi nasce em São Paulo a 9 de abril de 1912 e com apenas dois anos de idade sua família muda-se para Taubaté, no interior de São Paulo. O pequeno Amácio passa longas temporadas no município vizinho de Tremembé, na casa do avô materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e dançarino de cana verde. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava, às quais levava seus netos que, já desde cedo, entram em contato com a vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi.
Adepto da poesia e do teatro, Mazzaropi interpreta tipos nas atividades escolares e começa a frequentar o mundo circense. Preocupados com o envolvimento do filho com o circo, os pais mandam Amácio aos cuidados do tio Domenico Mazzaroppi em Curitiba, onde trabalha na loja de tecidos da família. Já com quatorze anos, em 1926, regressa à capital paulista ainda com o sonho de participar em espetáculos de circo e, finalmente, entra na caravana do Circo La Paz. Nos intervalos do número do faquir, Mazzaropi conta anedotas e causos, ganhando uma pequena gratificação.
Com a Revolução Constitucionalista de 1932 segue-se uma grande agitação cultural e Mazzaropi estreia em sua primeira peça de teatro, chamada A herança do Padre João. Já em 1935, consegue convencer seus pais a seguir turnê com sua companhia e a atuarem como atores. Até 1945, a Troupe Mazzoropi percorre muitos municípios do interior de São Paulo, mas não há dinheiro para melhorar a estrutura da companhia.
Com a morte da avó materna, Dona Maria Pita Ferreira, Mazzaropi recebe uma herança suficiente para comprar um telhado de zinco para seu pavilhão, podendo assim estrear na capital, com atuações elogiadas por jornais paulistanos.
Em 1946, convidado por Dermival Costa Lima da Rádio Tupi, estreia o programa dominical Rancho Alegre, encenado ao vivo no auditório da rádio no bairro do Sumaré e dirigido por Cassiano Gabus Mendes. Em 1950, este mesmo programa estreou na TV Tupi, mas agora contava com a coadjuvação dos atores João Restiffe e Geny Prado. Mazzaropi tinha um hobby, gostava de cantar Valsa, MPB e Seresta com os seus amigos.
O cinema
Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estreia seu primeiro filme, intitulado Sai da Frente, em 1952, rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde filmaria mais duas películas. Com as dificuldades financeiras da Vera Cruz, Mazzaropi faz, até 1957, mais cinco filmes por diversas produtoras.
Em 1958 vende sua casa e cria a PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi). O primeiro filme da nova produtora é Chofer de Praça, cujas cenas iniciais foram rodadas em Embu das Artes. Agora Mazzaropi passa não só a produzir, mas distribuir as películas em todo o Brasil. Em 1959 é convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o famoso Boni, na época da TV Excelsior de São Paulo, a fazer um programa de variedades que fica no ar até 1962. Neste mesmo ano começa a produzir um de seus filmes mais famosos, o Jeca Tatu, que vai aos cinemas no ano seguinte.
Em 1961, Mazzaropi adquire uma fazenda onde inicia a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que produzirá seu primeiro filme em cores, Tristeza do Jeca, que também será o primeiro filme veiculado na televisão pela Excelsior e a ganhar prêmios para melhor ator coadjuvante, Genésio Arruda, e melhor canção.
O Corintiano
Em 1966, lança o filme O Corintiano, recorde de bilheteria do cinema nacional. Em 1975 começa a construir em Taubaté um grande estúdio cinematográfico, oficina de cenografia e um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produz e distribui mais cinco filmes até 1979. Seu 33º filme, Maria Tomba Homem, nunca seria terminado. Em 13 de junho de 1981, depois de 26 dias internado, Mazzaropi morre vítima de um câncer na medula óssea aos 69 anos de idade no hospital Albert Einstein de São Paulo. É enterrado na cidade de Pindamonhangaba, no mesmo cemitério onde seu pai já repousava. Nunca se casou, mas deixou um filho adotivo, Péricles Mazzaropi.
Em 1994 é inaugurado o Museu Mazzaropi, localizado em Taubaté, na mesma propriedade dos antigos estúdios, recolhendo a história da carreira de um dos maiores nomes do cinema, do teatro e da televisão brasileiros. Foi somente na década de 1990 que a cultura brasileira começou a ver de uma outra óptica a obra de Mazzaropi, que durante sua vida sempre foi duramente atacado (ou ignorado) pela crítica e pela intelectualidade.
(Fato Expresso, com informações da Wikipédia e do Youtube)
ASSISTA À SEQUÊNCIA INICIAL DO FILME DE MAZZAROPI RODADO EM EMBU DAS ARTES, EM 1958:
“Mazzaropi – um grande cineasta que deixou saudades, porém também seus filmes que nos mostram sua mente genial na produção cinematográfica construída ao redor da humildade”.