Tempologia – SENTIDOS DA HISTÓRIA
Nessa coluna irei discutir o que não se discute. O que é indiscutível e tido como “verdade” e as invenções humanas que dão sentido à existência inventada pelos humanos : Trata-se dos fundamentos (ou crenças) básicos e essenciais da cultura moderna, também chamada de “modernidade”, “ocidente”, “cultura burguesa”, “civilização”, etc.
Para não ficar excessivamente etéreo (ou inaceitável) partirei de ocorrências da mídia, de livros, filmes, de teorias e verdades religiosas e científicas , mitologias, lendas e utopias e outras paranóias inventadas pelos seres humanos para justificar sua presença no mundo material até que seu coração e cérebros parem de funcionar.
Desde que sai decepcionado do PT em 1992, e de um dos primeiros Fóruns Sociais Mundiais que participei, venho lutando pelo abandono dos mitos ou “verdades absolutas” fundantes e estruturantes da “Modernidade” (ou ,tanto faz, a também chamada “sociedade ocidental” , ou moderna, ou burguesa, ou qualquer outro nome que se dê), para criarmos uma nova civilização que não concorde nem acredite no evolucionismo social e nem nas leis fundantes e básicas da política clássica, como o axioma irreal de que “o ser humano é naturalmente competitivo” ou de que “a competição é saudável”.
Não é. Essa é a maior mentira ou esperteza de todas as ocidentais. (ou talvez a maior burrice humana).
Primeiro que a Natureza NÂO se fundamenta nem se baseia em competição EM NENHUM LUGAR e nem o ser humano deveria seguir essa concepção que só interessa aos “mais fortes”. Pode-se até dizer que a Natureza se fundamente se mobilize em “forças” em constante relacionamento entre si. Porem não se pode dizer que haja competição – porque atuam desgovernadamente – e muito menos inteligência na Natureza ou por tras dela. A realidade natural é sempre resultante do puro acaso.
Na verdade, evidentemente foi o ser humano que surgiu e se AUTO criou ao longo do tempo nesse momento universal da Natureza e é proprio do ser humano fundamentar-se e mobilizar-se por MITOS e suas culturas , em oposição à realidade Natural, e que sua ação vem interferindo na Natureza como mais uma de suas forças. E essa interferência vem crescendo assustadoramente na Modernidade a ponto de superar as forças naturais e colocar em risco o equilíbrio dessas forças, pelo menos no planeta terra… (embora já começamos a depositar e deixar excesso de lixo na e acima da estratosfera e há planos futuros de levar o lixo atômico para fora do planeta, começando assim a interferir fora do planeta também. Porém, nada contra a tecnologia e a necessidade das pesquisas e viagens espaciais, desde que sustentáveis.)
O mito da “competição natural” é o mito que mantém e fundamenta o capitalismo e o socialismo, que são regimes de força, baseados na mitologia da competição e da força (e da supremacia do “indivíduo”) e na idéia – aliás extremamente patriarcal – de que o poder é sempre dos mais fortes etc. Tudo isso, sempre, sob a complacência e o olhar vigilante de “deuses” que disputariam o coração de suas próprias criaturas (ou dos outros) para travarem, através dos humanos, uma disputa pelo domínio de apenas um planeta… E o mais importante é que a ampliação e o excesso de pessoas, de produção e de transformação e interferência no planeta atingiram um patamar e um excesso tal que só resultam em violência e destruição, cada vez mais descontrolados e justificáveis entre si…
Por isso, ao meu ver a UNICA FORMA de superar o capitalismo é superar a mitologia fundante e base da Modernidade (criada na Europa medieval e misturada e manipulada com outras tradições filosoficas orientais) E isso só é possível se criarmos ou propormos uma nova mitologia (indiscutível como todas, e claro ou “ideologia” para cabeças ainda mecanizadas pela alta modernidade e pela concepção marxista), que SUSTENTE UMA OUTRA FORMA DE CIVILIZAÇÂO HUMANA.
A ideologia que proponho é a de que os seres humanos (tenham sido criados por alguem, alguma coisa ou não ) estão atualmente SOZINHOS NO UNIVERSO, não possuem condições de apreenderem e compreenderem toda a Natureza AINDA (talvez num futuro absolutamente remoto) e MUITO MENOS de controlá-la, sobrevivendo a um equilíbrio de forças que AINDA NÂO COMPREENDEMOS e sob o qual estamos sob risco e inúmeras profecias de sermos extintos. E valeria a pena sermos extintos??
Portanto, se vivemos sob a ameaça constante das forças naturais do Universo, por uma questão de lógica (e até antropocêntrica mesmo, no sentido de compreendermos a nós mesmos, à nossa própria “natureza humana” que foi criada apenas por nós) NÂO PODEMOS EM HIPÓTESE ALGUMA VIVERMOS SOB REGIME DE COMPETIÇÃO CONSTANTE, nem entre nós, nem com a (ou melhor “as”) as Naturezas, mas, muito ao inverso, devemos (sobre)viver (e não viver apenas, já que a morte ainda é uma certeza para todos) sob a obrigação essencial e última da SOLIDARIEDADE entre os Humanos (a meu ver prioritariamente) e entre os Humanos e a Natureza, entendendo-a e controlando-a sim, mas com o objetivo maior de SOBREVIVERMOS ao constante risco que é existir numa Natureza fundada em relações de força incontroláveis e também em SACRALIZARMOS a existência humana no sentido de mante-la para o futuro. Para as gerações futuras que herdarão a Terra, a cultura e a tecnologia humana e a necessidade de vivermos em solidariedade ANTI INDIVIDUALISTA como OBRIGAÇÂO MAIOR, para que possamos sustentar a nossa sobrevivência em meio às futuras transformações da Natureza.
Sob esses dois sentidos e metas essenciais que deveriam ser comuns e obrigatórias para todos os humanos (ou pelo menos para a grande maioria deles) é que deveríamos pensar, criar e fortalecer e PRATICAR UMA NOVA ECONOMIA com base nessa nova filosofia ou ideologia: A ECONOMIA SOLIDARIA ou o “Solidarismo” em que a essência e o sentido humano, não seria mais nem a competição, nem o lucro, nem a propriedade ou poder muito menos a superação ou controle de humanos contra humanos ou contra a Natureza, a não ser educação e a imposição constante da solidariedade anti-individualista, INDEPENDENTE de sexo, orientação sexual, cor, idade, nacionalidade, religião, língua, ideologia, forma de se vestir, de falar, de gesticular, de andar etc etc etc.
Essa nova proposta de economia, SOLIDARISTA, fundamentar-se-ia , essencialmente, na satisfação das necessidades, da sobrevivência, do bem estar, da felicidade e dos interesses DOS OUTROS E NÂO DE SI MESMO, SOMENTE, visando a valorização, sacralização, registro e melhoria constante da existência e da historia humana para as gerações futuras. Isso significa que essa forma de economia deveria ou iria ABOLIR o lucro e a competição pelo poder tanto econômica, quanto política, quanto a propriedade privada dos meios de produção, sobretudo INDIVIDUAL. Porém manteria sim a propriedade, e o trabalho individual, e o crescimento de cada pessoa, individualmente, desde que se submetesse as necessidades, felicidades, interesses e o bem coletivo e de todos, INCLUSIVE as concepções , religiões e interesses opostos e contrários , DESDE QUE não competissem nem colocassem em risco entre si e convivessem de forma sustentável.. Isso significaria, é claro, FORTE controle social e planejamento COLETIVO das pessoas, direcionadas na realização das necessidades, sonhos, vontades e interesses individuais (que deverão ser dirigidos e se submeter para o coletivo) de todos, desde que NÂO COLOCASSEM EM RISCO a sobrevivência humana ou do meio ambiente.
E para isso seriam necessários LIMITES coletivos e individuais contra EXCESSOS e punições para quem superasse tais limites, embora de forma sustentável e respeitando os limites de cada um… A manutenção de papel moeda, créditos e débitos monetários, Estados e poderes nacionais, meios de comunicação, legislação política e econômica poderiam existir, desde que se submetesse a esses princípios e aos interesses LOCAIS que não colocassem em risco a humanidade e o meio ambiente. Mas a produção industrial de armas, de automóveis e transportes e de formas de energia que violentassem o equilíbrio humano e ambiental, seriam abolidas ou reduzidas e repensadas totalmente.
Enfim. Só precisamos de utópicos para acreditar na proposta e torna-la real e coletiva cada vêz mais.
Arney Smith Barcelos, natural de Barra Mansa-RJ. É historiador formado pela USP em 2009 e Ciências Sociais pela UNICAMP (1995), com Pós Graduação em Organização de Arquivos Públicos pelo IEB/ECA-USP(2001). Partindo de sua iniciação científica sobre história de Barão Geraldo (Campinas-SP) a ser publicada, especializou-se em organizar e realizar histórias pessoais e municipais e em cultura popular tradicional.
Caro. No meu entender a democracia é um contrasenso. Uma palavra que contraria ela mesma. Um erro lógico. Se ha disputa, não há democracia. Pois quem perde só se fode
Perder faz parte do “jogo”? Então é um jogo. E não democracia. Só PODERIA SER DEMOCRACIA SE TODOS GANHAM AO MESMO TEMPO!!!
Com essa teoria, o sr. acaba de criar uma espécie de “Anarquismo Ditatorial”, isso não é incrível!!! Durma com essa, rsssss, viva a utopia!!