Rio de Janeiro – Uma pesquisa encomendada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e divulgada nesta quarta-feira (6) revela que apenas 22% dos brasileiros afirmam já ter ouvido falar da Rio+20. A poucos dias do início da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, o resultado da pesquisa, intitulada “O Que o Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável”, parece pouco animador, mas o governo brasileiro vê a questão com outra perspectiva.
“Considerando que a pesquisa cobriu todas as classes sociais e todas as regiões do Brasil, esse índice de quase um quarto da população não é baixo. Ao contrário, é um número bastante expressivo. Há vinte anos, apenas 3% dos brasileiros sabiam da Rio-92”, afirmou a ministra Izabella Teixeira, presente à cerimônia de lançamento da pesquisa, realizada no Rio de Janeiro. A ministra acrescentou que “hoje se fala na Rio-92 como um grande êxito, mas na época muitos a consideraram um fracasso, inclusive a mídia”.
Izabella afirmou que, apesar do crescimento da consciência ambiental do povo brasileiro, “ainda falta fazer o link da problemática ambiental com as questões econômica e social”. A ministra disse acreditar que isso poderá ser feito a partir da Rio+20: “Os três pilares da Conferência da ONU farão essa ligação ao discutir o combate à pobreza, a administração sustentável dos recursos do planeta e a adoção de uma governança ambiental global”.
O caminho para avançar na consciência socioambiental do país, segundo a ministra, já está pavimentado. “Entre os dez principais problemas do país, os brasileiros listam o meio ambiente como o sexto problema. Em 1992, o meio ambiente sequer aparecia na lista de prioridades do brasileiro”, disse.
A pesquisa, de fato, demonstra um aumento no nível da informação ambiental do cidadão brasileiro. 47% dos entrevistado afirmaram saber o que é desenvolvimento sustentável. Entre estes, 69% afirmaram que se trata de “garantir que os recursos naturais não sejam destruídos pelos seres humanos”, enquanto 26% disseram que é “cuidar do meio ambiente, das pessoas e da economia do país ao mesmo tempo” e 5% que é “produzir cada vez mais com combustível fóssil como o petróleo e o gás abundante em nosso país”.
Outro dado interessante na comparação com 1992: naquele ano, 46% dos brasileiros não sabiam mencionar sequer um problema ambiental na sua cidade ou bairro. Em 2012, esse número caiu para 10%. Além disso, 82% das pessoas entrevistadas disseram não estar dispostas a ter mais progresso, se isso acontecer à custa da depredação dos recursos naturais do país.
Maus hábitos
Os hábitos de consumo da maioria dos brasileiros, no entanto, ainda estão longe do ideal. Segundo a pesquisa, tarefas como, por exemplo, o descarte adequado de pilhas, baterias e pneus velhos, além de toda sorte de lixo eletrônico ou hospitalar, praticamente inexistem no país. A preocupação com o problema do lixo, por outro lado, já faz parte da realidade de 29% dos entrevistados.
Ainda segundo a pesquisa, 52% da população brasileira não separa o lixo antes do descarte. A separação do lixo é maior em áreas urbanas (50%) do que na zona rural (35%). A Região Sul apresenta o maior percentual de coleta seletiva (76%), seguida pelas regiões Sudeste (55%), Centro-Oeste (41%), Nordeste (32%) e Norte (27%).
A pesquisa foi feita pelo Instituto CP2 entre os dias 15 e 30 de abril, e teve como base a realização de 2,2 mil entrevistas domiciliares nas cinco regiões do país. Além dos principais problemas ambientais identificados pelos brasileiros no Brasil e no mundo e dos hábitos de consumo e reciclagem no país, a pesquisa mostra também como é avaliada a atuação dos órgãos públicos e empresas privadas na conservação ambiental e qual a disposição do povo brasileiro para se engajar na busca por soluções para os problemas ambientais.
(Por: Maurício Thuswohl, especial para a Rede Brasil Atual)