Na conhecida era digital, as cantigas de roda e letras folclóricas são consideradas em extinção. As músicas que antes marcaram uma geração e rondaram o mundo infantil, suas brincadeiras, e até na hora do sono desaparecem. Que criança que não foi embalada com canções como a do Boi da Cara Preta, ou a cantiga da Cuca?
As cantigas mais conhecidas no Brasil tiveram sua origem na Europa, principalmente em Portugal e Espanha. Porem hoje em dia, é difícil identificar esses traços, devido que as canções se adaptaram ao folclore do país e em identidades nacionais. Ostenta um importante papel de identificação cultural, e retratam o cotidiano das pessoas, o folclore, brincadeiras, entre outras.
Porém o que percebemos ultimamente é o desaparecimento dessa cultura de cantigas. Antigamente as crianças não passavam os dias todos ocupados por seus computadores, videogames de ultima geração, celulares e outros aparatos tecnológicos.
Para Matheus Gonçalo, 8 anos, estudante da 1ª série do ensino fundamental, as cantigas são legais, mas, são para “crianças”. “Eu sei cantar sim, mas já cresci não gosto dessas músicas, prefiro as que tocam no rádio”, conta Gonçalo. Já para Lídia Gonçalo, 36 anos, mãe de Matheus, as crianças ouvem o que não é correto para a idade, e cabe aos pais proibir que eles ouçam canções que não são apropriadas. “Existem letras hoje em dia, que já acho absurdo para um adulto ouvir, imagine então para as crianças”, relata Lídia.
Segundo a estudante Vanessa Santos, 22 anos, que trabalha voluntariamente como recreadora infantil, relata que muitas crianças não conhecem as cantigas infantis, mas conhecem as músicas adultas, inclusive com conotação sexual, e incitação à violência e para ela é preciso resgatar essa cultura, tanto nas escolas, ambientes de recreação e mesmo em casa, com os pais. “Entre as brincadeiras, é comum eu perguntar as músicas favoritas, ou a que eles sabem cantar, a maioria delas são canções adultas, inclusive funk. As cantigas são esquecidas, por culpa dos pais que permitem que as crianças ouçam essas canções adultas, e cabe a eles reverterem essa situação, e respeitar cada fase, criança precisa escutar o que é direcionado a ela”, diz Vanessa.
(Ana Paula Timóteo, para o www.fatoexpresso.com.br)