Prefeito de São Paulo afirmou que irá avaliar sugestões encaminhadas por organização não governamental. Propostas são fruto de avaliação sobre qualidade de vida dos paulistanos
São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), recebeu hoje (17) da Rede Nossa São Paulo um documento com sugestões para a elaboração das metas de seu governo. A apresentação de um plano especificando metas e prazos de ações da prefeitura deve ser entregue, por lei, até o dia 1º de março, quando a gestão completa 90 dias.
Haddad disse que “primeiro precisa conhecer” as propostas da Nossa São Paulo para definir se vai ou não incorporá-las a seu plano, mas sinalizou que deve repetir a metologia adotada no Ministério da Educação, de estabelecer metas qualitativas. “Compartilhamos a ideia de que não há como fazer planejamento moderno sem discutir metas com a sociedade, consignadas em lei e acompanhadas. Prestando contas, prestando informações.”
A maioria da população de São Paulo está insatisfeita com a vida na cidade. A pesquisa Irbem divulgada hoje (17) pela Rede Nossa São Paulo aponta que a nota média atribuída à qualidade de vida no município ficou em 4,7, em uma escala que vai de 1 a 10. É a pior nota desde que a pesquisa começou a ser feita, em 2008. Apenas as áreas Relações Humanas, Religião e Espiritualidade, Tecnologia da Informação e Trabalho, com caráter bastante pessoal e subjetivo, tiveram nota acima da média, 5,5.
A transparência e a participação política da cidade, com média de 3,5, foi a área pior avaliada entre as 169 pesquisadas. Já a com melhor avaliação foi a de Relações Humanas, que trata do contato com a família em ambiente doméstico, com 8,0.
Haddad defendeu o diálogo com a população, indicando que isso é fundamental para ganhar aliados.“Quando você se expõe e discute os problemas sem nenhuma reserva, as pessoas passam a acreditar. A olhar para você, olhar nos seus olhos. Ver a sinceridade de seus argumentos. É preciso mais comunicação. Quando eu digo comunicação, não estou falando de publicidade. Estou falando de falar com as pessoas, explicar para as pessoas o que está acontecendo.” Mas indicou que a missão é difícil. “Você não imagina hoje o que é para construir uma casa em São Paulo, a via sacra que você tem de fazer. Porque todo mundo precisa opinar no projeto. Quando eu digo todo mundo, é todo mundo menos a população. E o que acontece com o gestor público? Ele perde o gosto de ouvir a população”, afirmou.
“Hoje a sensação na cidade é que tem uma negociata por trás de todo empreendimento, toda iniciativa pública. E para vencer isso e ganhar confiança dos órgãos de controle, do Tribunal de Contas, do Ministério Público, da primeira e segunda instância, dos desembargadores. Isso também é uma tarefa que exige muito sacrifício e paciência” , acredita.
Segurança foi a área que apresentou a maior piora na percepção da população. Em 2011 e 2012 a nota caiu de 3,9 para 3,0. 91% da população se diz insegura de viver em São Paulo. Sair à noite é aquilo que os paulistanos têm mais medo em seu dia a dia, ficando atrás de violência em geral e assaltos e roubos. O medo de sair à noite para trabalhar, estudar ou curtir aumentou de 20% da população para 41%.
Haddad lembrou que a segurança é atribuição do governo do estado, mas salientou que algumas medidas que influenciam na questão vêm sendo tomadas pela municipalidade, como a questão da iluminação. E lembrou as cobranças que vem fazendo sobre a melhora no serviço prestado pelas concessionárias. “O valor dele [contrato] subiu, mas nem por isso a sensação de segurança da população melhorou”, declarou durante entrevista coletiva.
Na Irbem, 26% dos entrevistados sugerem que, para diminuir a insegurança, é preciso combater a corrupção nos presídios.
As subprefeituras das periferias das zonas sul e leste concentram as piores avaliações sobre a qualidade de vida. Já Perus, no extremo norte, é a região administrativa com melhor avaliação, 5,6, a única acima da média, contra a pior, 4,2, em Capela do Socorro/Cidade Ademar.
O nível de satisfação com a saúde na cidade ficou em 4,8. As maiores reclamações estão relacionadas ao tempo de espera para atendimento – 66 dias para marcar uma consulta, 86 para fazer exames e 178 para agendar procedimentos mais complexos como cirurgias e internações.
Educação obteve a mesma média, 4,8, sendo a quantidade de vagas em creches e as relações de respeito com os profissionais da educação os itens que mais puxaram a nota para baixo, ficando ambas com nota média de 4,5.
A desigualdade social é outro item que contribui pouco para a qualidade de vida na cidade. A área recebeu nota média de 3,8 – dos seis subitens pesquisados, apenas um, a igualdade no acesso à saúde, não apresentou piora na avaliação, permanecendo com nota média de 3,9.