Os eleitores da cidade de Embu das Artes foram os maiores prejudicados com o recadastramento biométrico realizado pela Justiça Eleitoral, em parceria com algumas prefeituras do Estado entre 2013 e 2014. Quase 30 mil títulos de eleitores foram cancelados porque os eleitores não puderam, não tiveram tempo ou simplesmente não souberam do recadastramento realizado de forma centralizada no Parque do Lago Francisco Rizzo, nos arredores do Centro da cidade.
Essa verdadeira ‘cassação’ dos direitos políticos de grande parte da população da cidade ainda trará outras consequências, como o pagamento de multa e ainda a proibição aos eleitores de votarem nas eleições deste ano, ou de tomarem posse em cargos públicos por concurso.
O recadastramento biométrico está ainda sendo testado pelo TSE em algumas cidades do País, e em São Paulo apenas 15 cidades realizaram seus recadastramentos biométricos até agora (veja no quadro).
A cidade que mais perdeu eleitores em termos percentuais foi Analândia, que nas eleições de 2012 registrava mais de 5 mil eleitores, e após o recadastramento ‘encolheu’ para 3,5 mil, numa queda de 35%.
Na outra ‘ponta’ da questão, das 15 cidades onde houve até agora o recadastramento, a que mais ganhou foi Jundiaí, com um aumento de 18,7 mil eleitores (mais 7%).
O recadastramento biométrico permitirá identificação mais segura do eleitor na hora do voto, pois foram colhidas as impressões digitais dos cidadãos na hora da renovação do título. Críticos do sistema dizem que a eleição pode demorar por causa da identificação mais lenta, além de problemas nas máquinas, que eventualmente podem não reconhecer as digitais do eleitor, inviabilizando seu direito ao voto. Por outro lado, a biometria poderá impedir as fraudes, ou seja, alguém votar no lugar do eleitor.
Menos votos, pior para os candidatos
Nas cidades em que houve queda do eleitorado, os candidatos a deputados e a outros cargos terão perda por causa da redução do ‘estoque’ de votos disponíveis em disputa. Outro problema é o aumento da distância na barreira dos 200 mil eleitores. Na cidade de Embu das Artes estimava-se que o eleitorado iria ultrapassar esta marca nas eleições de 2016, quando então a cidade passaria a ter eleições em dois turnos. Com a queda do eleitorado em 2014 por causa do recadastramento biométrico, esta modalidade fica adiada, pelo menos por mais quatro anos, até 2020.
(Márcio Amêndola, especial para o Fato Expresso)